O maior evento literário do Brasil ocorreu de 2 a 10 de julho e contou com diversas iniciativas de fomento à literatura, do livro físico ao digital.
Por Melannie Silva (melanniesilva@usp.br) e Osmar Neto (osmar_neto@usp.br)
[Imagem: Divulgação/Bienal do Livro]
Após ter a edição de 2020 cancelada por conta da pandemia da COVID-19, a Bienal do Livro de São Paulo retornou com a sua 26ª edição. Com cerca de 660 mil visitantes, 182 expositores e mais de 3 milhões de livros vendidos, números animadores para um país que o acesso à leitura ainda encontra muitos obstáculos. A edição de 2022 ainda contou com mais de mil horas de programação cultural, com destaque maior para os autores nacionais e os livros queridinhos do TikTok.
Entre os expositores, projetos que buscam ampliar o contato da população com a leitura foram um grande destaque do evento, confira.
BibliOn: a biblioteca digital gratuita de São Paulo
O fechamento das bibliotecas tradicionais, durante a pandemia, dificultou o acesso à leitura. Nesse momento surgiu a Biblion. O projeto é uma parceria entre: SP Leituras, Biblioteca de São Paulo, Biblioteca Parque Villa-Lobos, Sis EB e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo.
Para ter acesso aos ebooks (livros digitais) é necessário fazer um cadastro no site: www.biblion.org.br ou baixar o aplicativo BibliON no Google Play ou na Apple Store e solicitar o empréstimo do livro. O processo é totalmente gratuito para qualquer cidadão do estado de São Paulo. O leitor pode pegar emprestado até dois livros durante 15 dias, após esse período o livro retorna a prateleira digital. Caso o livro desejado esteja emprestado, existe uma lista de espera e ainda é possível solicitar títulos que não estão no catálogo.
O catálogo é diverso, conta com livros infantis, juvenis, de ficção e não ficção; de clássicos da literatura ao contemporâneo, nacional e internacional. Além dos ebooks, a Biblion tem audiobooks e podcasts, o que a torna acessível a um público mais amplo.
Estande da Biblion na Bienal do Livro 2022
[Imagem: Arquivo pessoal/Melannie Silva]
De mão em mão: a leitura como exemplo de democratização
Outra iniciativa de incentivo à leitura, é o projeto "De mão em mão". Ele consiste numa iniciativa do Sistema Municipal de Bibliotecas (SMB) da cidade de São Paulo, que visa estabelecer uma corrente de leitura e democratizar o acesso a várias obras literárias na capital paulista.
Renan Wangler, bibliotecário do SMB, conta mais sobre o De mão em mão. “Há uma curadoria dentro do SMB, que seleciona títulos relevantes e disponibiliza esses livros após a publicação, para que as pessoas possam ler e passar adiante.” Renan também ressalta “ A curadoria começou a selecionar livros para o projeto, visando as obras mais consagradas. Mas não há nada que impeça o projeto de abordar livros de autores independentes.”
O SMB faz parte do núcleo cultural da prefeitura de São Paulo. São mais de 100 equipamentos de leitura espalhados por toda a cidade, incluindo mais de 50 bibliotecas. Para saber os endereços e informações de contato, basta acessar: www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/bibliotecas/fale_conosco/
Estande do projeto “de Mão em Mão” na Bienal do Livro 2022
[Imagem: Arquivo pessoal/ Osmar Neto]
Cordel e/é conhecimento
O cordel nordestino por si só, sempre incentivou a leitura. Numa prática que persiste ainda hoje, quem sabe ler vê no cordel muito aprendizado. Quem não sabe ler, além de se motivar com esse modelo de literatura, quer adquirir para que outras pessoas façam o favor de contar.
Daniel Lima, filho do poeta Arievaldo Viana, discorre bastante sobre o apoio que os cordelistas recebem para disseminar essa prática que fomenta a leitura e o conhecimento. “Algumas editoras como Tupynanquim Editora e IMEPH, valorizam muito o cordel e o representam muito bem no Brasil.” Ele ainda exemplifica. “Aqui na Bienal nós viemos através da oportunidade da Editora IMEPH. Ela nos disponibiliza esse espaço bienalmente e trás o nosso material, para que possamos divulgar.”
Outro ponto a ser destacado é a relação do cordel com as crianças, que vem melhorando nos últimos tempos, como conta Daniel. “O cordel teve que se adaptar textual e visualmente, para se tornar mais atrativo para o público infantil.”
Cordel cantado Bienal do Livro 2022
[Imagem: Arquivo pessoal/Melannie Silva]