Ganhadora do prêmio Arte na Escola Cidadã com a Creche Central da USP, Janeide continua ajudando a vida de pessoas comunitárias com seus trabalhos sociais
Por Felipe Velames
A pedagoga Janeide de Sousa Silva foi a grande vencedora do prêmio Arte na Escola Cidadã na categoria Educação Infantil no final de 2016. Quase seis anos depois de ter vencido o prêmio, Janeide ainda é uma grande líder comunitária e ativista na comunidade de São Remo e continua desenvolvendo trabalhos sociais importantes para as comunidades, como o projeto "A beleza da mulher negra da e na periferia".
Cerimônia de recebimento do prêmio Arte na Escola Cidadã no Sesc Interlagos [Imagem: Reprodução/Equipe de fotógrafos do Instituto Artes na Escola Cidadã]
O prêmio que trouxe visibilidade para Janeide foi dado ao seu projeto “Diversidade Étnica: brincadeiras, jogos, danças e histórias”, desenvolvido com crianças pequenas da Creche Central da USP. Atualmente, a ativista social trabalha como gestora da Creche Central da USP e estuda para passar no processo seletivo do seu mestrado em pedagogia, enquanto continua realizando trabalhos comunitários para ajudar na vida das pessoas da comunidade.
Inspiração e ensinamentos de vida
Janete conversando sobre a pandemia com moradora do Jardim São Angela [Imagem: Reprodução/Milton da Silva Souza]
As grandes inspirações na vida de Janeide e de seu senso comunitário vieram da sua criação e da sua própria família, que sempre ensinavam para ela a agir de maneira coletiva e não pensar somente em si mesma. E esses incentivos à vida comunitária vieram desde a infância de Janeide, porque sua mãe (Dona Joana) realizava trabalhos voluntários com as crianças da comunidade, distribuindo doces para elas no dia das crianças. Então, desde muito novinha, Janeide sempre teve consciência da necessidade de realizar trabalhos voluntários em comunidades e a importância de ser essa figura de liderança para as pessoas. De acordo com a ativista, as experiências e ensinamentos familiares mostraram para ela a importância de oferecer oportunidades e direitos básicos para as pessoas mais carentes.
"Há uma ausência muito intensa de trabalho social, de possibilidades educativas e institucionais dentro comunidades, dentro da favela." diz Janeide "Então, muitas vezes, as ONGs atuam dentro desses espaços tentando minimizar essa ausência do Estado."
A questão da negritude para Janeide
Roda de conversa com mulheres do projeto "A beleza da mulher negra na e da periferia" [Imagem: Reprodução/Milton da Silva Souza]
Uma das últimas ações comunitárias importantes para a comunidade São Remo, em especial para a população negra, realizadas por Janeide foi o projeto "A beleza da mulher negra na e da periferia". O motivo que inspirou Janeide para realizar o projeto foi o trágico assassinato da mulher negra Cláudia Ferreira, que foi confundida com uma traficante quando voltava da padaria e morta por uma ação policial.
Então, comovidas pela situação do assassinato de Cláudia, Janeide e outras mulheres periféricas resolveram realizar uma exposição que valorizasse a beleza da mulher negra. Essa importante ação comunitária é uma forma de protesto às ações violentas dos policiais e uma forma de combater o racismo, mostrando uma nova importância para os trabalhos voluntários da comunidade "É ter a consciência da nossa negritude, defender o nosso lugar, o respeito, fazer o enfrentamento ao racismo. Isso é um aprendizado da minha vida, da minha educação em casa, na rua e acadêmica." Janeide acredita que seus projetos possam empoderar as mulheres negras da periferia e são importantes para trazer visibilidade aos bairros periféricos.
Para maiores informações sobre o projeto social de Janeide de Sousa “Diversidade Étnica: brincadeiras, jogos, danças e histórias”, assista o documentário feito sobre o projeto pelo Instituto Arte na escola:
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