Educação à distância demonstra precariedade e desigualdade no acesso de alunos
por Gustavo Costa
Na E.E, muitos não tiveram acesso à internet para acompanhar EAD, diz aluna. [Foto: Reprodução/Facebook]
Jéssica de Lima Mosca é professora de Língua Portuguesa na rede municipal de Barueri e leciona Espanhol na rede estadual de Carapicuíba. Dentre os problemas enfrentados por alunos e professores, Jéssica destaca o acesso à tecnologia: “Professor e aluno que não tinham equipamentos tiveram que se virar com o celular. Eu conseguia contar nos dedos quantos alunos tinham computador ou notebook em casa”, afirma. A professora conta que as aulas ao vivo passaram a migrar para ferramentas do Google ao longo do tempo, com o apoio do aplicativo Centro de Mídias, da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Ranyelle Rodrigues é moradora do Jardim São Remo e cursa o terceiro ano do Ensino Médio na Escola Estadual Emydgio de Barros, onde muitos alunos da comunidade se formam. Ela conta que a maioria de seus colegas não têm acesso à internet para acompanhar o semestre ou não possuem equipamentos para isso, além do contato com os professores ser ineficiente. A professora Jéssica vê a metodologia de ensino tradicional das escolas como um empecilho e critica o fato de que as aulas seguem um padrão retrógrado, mesmo no meio digital, em que o aluno não é ensinado a "mastigar" o conteúdo sozinho e depende do professor. "Essa pandemia chegou com tudo e forçou os alunos a assumir a responsabilidade pelo próprio aprendizado, mas isso não acontece de uma hora para outra." As aulas presenciais retornarão no dia 8 de fevereiro, mas o governo de São Paulo determinou que escolas estaduais devem estar abertas a partir do dia 1º de fevereiro para oferecer merenda aos alunos mais vulneráveis, cerca de 770 mil alunos de um total de 3,5 milhões, segundo a gestão João Dória. A aluna Ranyelle está disposta a voltar, mas disse ter medo do descaso dos colegas e que “a maioria das pessoas que não perdeu ninguém da família para o covid não respeita a quarentena”. Conforme relatório do SUS de 18 de setembro de 2020, a região da São Remo registrou 356 infectados e 22 óbitos pelo novo coronavírus. A situação dos bebês e crianças também é preocupante. Há muitos anos, mães e pais do Jardim São Remo sofrem com dificuldade no acesso às Creches do entorno, que são escassas, distantes da comunidade ou sem vagas disponíveis. A moradora Flávia Lima conseguiu uma vaga para seu filho na creche Marajoara, no Jaguaré, mas diz que enfrenta dificuldades logísticas. “Não tem perua que vá até essa creche, então preciso me desdobrar para ele ir.” Os serviços de transporte escolar se ausentaram parcialmente da região no período pandêmico. Flávia espera por uma transferência de seu filho para uma unidade mais próxima, mas encara uma longa lista de espera.
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