Vacinas contra a Covid-19: produção e expectativas
Impressões sobre a chegada de vacinas em São Paulo
Por Beatriz Hermínio e Luisa Costa
Em meio à corrida mundial por um imunizante contra o coronavírus, marcada por disputas políticas e fake news, o governador do estado de São Paulo, João Doria, anunciou a compra de doses da vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.
O que faz a vacina?
Vacinas são imunizantes, responsáveis por proteger as pessoas de algumas doenças. No caso da Coronavac, utiliza-se uma versão do vírus que não consegue se reproduzir e deixar uma pessoa doente, pois está inativado por agentes químicos. Essa técnica é bem tradicional e usada em vacinas bem sucedidas, como as da influenza e poliomielite.
Quando o vírus inativado é injetado na corrente sanguínea, o corpo detecta esse intruso e desenvolve mecanismos de defesa para combatê-lo, produzindo anticorpos. Caso a pessoa entre em contato com o vírus após tomar a vacina, esses anticorpos fazem com que o organismo seja capaz de o reconhecer e destruir.
A corrida pela vacina marcada pelas fake news
Com a pandemia, cresceram as notícias falsas, disseminadas por grupos antivacina, que contrariam cientistas e profissionais da área da saúde. A vacina produzida pelo Instituto Butantan é um dos alvos dessas críticas sem fundamento.
Mariene Rocha, moradora da Cidade Tiradentes, é agente comunitária de saúde e ouve muitas fake news. "Ouvi de um cadastrado que essa vacina era para introduzir chips nas pessoas [...] Tem também aqueles que falam que a China criou [o vírus] e agora quer vender a cura".
Outra moradora do bairro na zona leste de São Paulo, Gisele Almeida, afirma estar ansiosa para a vacina e diz que a maioria das pessoas com quem convive não se importa com o país de origem do imunizante. Contudo, "sempre tem aquela minoria que se informa via WhatsApp. São muitas as fake news que as pessoas recebem, fica difícil orientar quem recebe esse tipo de informação, pois ela se espalha muito rápido", comenta Gisele.
Rosângela Ferreira, liderança no Jardim São Remo, acredita que os óbitos registrados na pandemia e o volume de informações confiáveis que recebem diariamente fazem com que as pessoas entendam a importância da vacina. Ela afirma que "na medida do possível orientamos a população a investigar e realizar pesquisas em fontes seguras".
As expectativas para uma vacina são altas, mas é fundamental não compartilhar informações sem verificar se possuem uma fonte confiável, já que a circulação das fake news descredibiliza a ciência e coloca a saúde da população em risco.
Quando a população será vacinada?
A chegada das vacinas envolve testagem, aprovação, fabricação e distribuição do imunizante para vacinação em massa. A Coronavac, por exemplo, está na terceira e última fase de testes, sem previsão de término. Para ser aplicada na população, precisará da aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Para a cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), há a possibilidade de que apenas profissionais da saúde e pessoas pertencentes aos grupos de risco sejam vacinados em 2021, já que as doses das vacinas serão limitadas.
Enquanto não há data para a vacinação, é importante se atentar aos cuidados para evitar o contágio e a circulação da doença, como a higienização das mãos, o uso de máscara e o distanciamento social.
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